Prisões Psíquicas
As Prisões Psíquicas de gerentes dentro das organizações
O que provoca a ambiguidade no comportamento de gerentes dentro das organizações?
Em vários casos, estes profissionais, que ocupam funções de liderança, manifestam posturas defensivas que os impedem de aplicar os conhecimentos adquiridos por experiências ou por aprendizagens estruturadas. Os questionamentos são muitos. Será que o modelo organizacional vigente gera estratégias para reforçar a segurança pessoal de gerentes, provocando impactos negativos nas equipes e colocando estas empresas em risco de autodestruição?
Gareth Morgan, em seu livro “Imagens da Organização” considera que os seres humanos têm uma inclinação toda especial para caírem nas armadilhas criadas por eles mesmos. Ele explora a noção de organizações como prisões psíquicas, no sentido de serem processos conscientes e inconscientes que as criam e as mantêm como tais, levando as pessoas a se tornarem confinadas ou prisioneiras de imagens, ideias pensamentos e ações que esses processos acabam por gerar.
O debate que queremos instalar é sobre estas forças ocultas que impedem gerentes de vivenciarem o seu verdadeiro papel dentro das organizações. O que fazer para conviver com as incoerências entre as declarações e as ações das empresas, com suas mensagens ambíguas e paradoxais que imobilizam os gerentes no seu dia-a-dia?
Morgan utiliza a metáfora do “Mito ou Alegoria da Caverna de Platão” para representar o mundo das aparências e nos leva a refletir sobre como as pessoas são enganadas por ilusões, já que o modo pelo qual compreendem a realidade é limitado e imperfeito. A metáfora nos ajuda muito a compreender porque as empresas têm este tipo de conduta. Tal como sugere a alegoria, todos nós preferimos permanecer na escuridão a enfrentar os riscos de exposição, já que existem chances de consequências desagradáveis no lado pessoal, por exemplo.
Na verdade, estamos “aprisionados pelos processos grupais”, que nos fazem permanecer presos em armadilhas cognitivas, pressupostos falsos, crenças estabelecidas, regras operacionais, sem questionamentos que limitam nossa possibilidade de ampliar a visão do mundo que nos cerca. Na verdade, vivemos um processo de auto confinamento e sem possibilidades de fazermos a leitura do ambiente externo.
Apoiando-se nesta teoria é possível compreendermos porque gerentes que conduzem as organizações têm um tipo de comportamento inconsistente, desmotivador, segregador e auto protetor. Freud também nos ajuda a compreender estes comportamentos na medida em que sugere que as culturas organizacionais institucionalizam várias combinações de sexualidade anal, oral, fálica e genital reprimidas.
Naturalmente não convém às pessoas que representam as organizações qualquer possibilidade de pensar sobre esta perspectiva. Podemos ajudar as pessoas a mudarem? Sim, na medida em que elas superarem crenças antigas e se abrirem ao conhecimento novo. Para que isso aconteça, elas precisam de tempo para refletir, repensar, sentir, aprender e avaliar, por meio de ações, para que as mudanças sejam efetivas e duradouras.
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